Tendência, apontada pelos modelos climáticos, é que estado registre chuvas acima da média. De acordo com Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Região Norte deve ser a primeira atingida.
A formação do El Niño vem sendo acompanhada com atenção pelos meteorologistas no Rio Grande do Sul. Alguns profissionais já apontam que a intensidade do fenômeno deve ser forte, o que pode causar prejuízos ao estado.
”Os modelos climáticos de circulação global vêm nos indicando que deve ser um El Niño forte. A expectativa é que seja um evento enquadrado nessa escala de forte a possivelmente muito forte. Se espera que as principais alterações sejam principalmente chuvas acima da média, no período entre setembro e dezembro, e, consequentemente, com aumento da chuva e da nebulosidade, aumento de temperatura nesse período de primavera”, avalia a meteorologista da UFPel Eliana Veleda.
Em 2015, o estado sofreu os efeitos de um super El Niño. Em Porto Alegre, na primeira quinzena de outubro, o Guaíba atingiu um recorde histórico, chegando a quase 3 metros. A Prefeitura fechou todas as comportas do Muro da Mauá, para evitar que o Centro da Capital fosse invadido pela água.
O El Niño é uma anomalia natural que aumenta a temperatura da água do Oceano Pacífico. Esse aquecimento é provocado pela mudança na circulação de ventos. A água fria perde força e a água quente avança, influenciando na evaporação e na formação de nuvens de chuva.
”O mês de abril é o quarto abril mais quente desse século. Nós seguimos, ano após ano, com recorde de temperatura no planeta, e os oceanos atingiram, no início de abril de 2023, a maior temperatura média global. Portanto, os oceanos estão quentes, a atmosfera está quente”, explica o climatologista do Departamento de Geografia da UFRGS, Francisco Aquino.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a Região Norte do RS deve ser a primeira atingida com chuvas intensas.
”Geralmente as chuvas ficam mais persistentes. Isso, principalmente, no final do inverno e nos meses de primavera. Setembro, outubro, novembro é característica do fenômeno El Niño aumentar as chuvas no Rio Grande do Sul, causar enchentes, tempestades, granizos, exatamente por causa do bloqueio das frentes frias. Isso é uma característica climática que aconteceu nesses El Niños anteriores de forte intensidade”, diz o meteorologista do Inmet Marcelo Schneider.
Os especialistas sugerem que o RS se prepare para a chegada do fenômeno e seus efeitos. Entre as sugestões, estão refazer treinamentos e fortalecer equipes para atender possíveis ocorrências decorrentes de inundações e destelhamentos.