A aproximação entre Luiz Inácio da Silva e Ciro Gomes é daqueles movimentos políticos que vão bem na teoria, mas, na prática, são de difícil execução. Primeiro, por uma questão de personalidades. Lula, de um lado, embora não possa ser candidato por impedimento legal, não aceita que o PT abandone o papel de “chefe” do campo da esquerda. Ciro, por sua vez, não aceita abdicar da condição de terceira via à confrontação hoje posta entre Jair Bolsonaro e o governador João Doria.
Além disso, não há confiança alguma entre o petista e o pedetista. Essa desconfiança mútua já permeou, em 1998, a chapa Lula/Brizola na primeira tentativa de união entre PT e PDT. A senadora Gleisi Hoffman, na condição de presidente do PT deu o tom quando disse que uma aliança só seria viável se Ciro se desculpasse publicamente com Lula.
Isso não vai acontecer, porque se os petistas se consideram traídos pela falta de apoio de Ciro a Fernando Haddad em 2018, Ciro não perdoa a interferência do PT na inviabilização da aliança dele, na mesma eleição, com o PSB depois da morte de Eduardo Campos.
O embate de egos cria obstáculos difíceis, embora não intransponíveis que implicariam, no entanto, concessões hoje ainda longe do horizonte na perspectiva de um cenário realista.