Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, é investigado como peça-chave em um esquema que teria desviado até R$ 6,3 bilhões dos cofres públicos entre 2019 e 2024, segundo a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU). O golpe atingiu aposentados e pensionistas do INSS, que sofreram descontos indevidos diretamente na folha de pagamento.
As apurações revelam que Antunes movimentou R$ 53,5 milhões provenientes de entidades sindicais e empresas ligadas a associações de servidores. Embora declare uma renda mensal de R$ 24,4 mil e a ocupação de “gerente”, as movimentações bancárias indicam um padrão de vida muito superior ao declarado, segundo relatório da PF enviado à Justiça.
Esquema estruturado e conexões com ex-diretores do INSS
Apontado como o principal operador do esquema, o “Careca do INSS” utilizava sua influência para inserir cobranças fraudulentas nos contracheques de beneficiários. Em troca, redistribuía os valores entre diversas contas de empresas — incluindo ao menos quatro das quais ele é sócio — numa tentativa de dificultar o rastreamento do dinheiro.
Entre os nomes que aparecem como beneficiários indiretos do esquema estão:
Thaisa Hoffmann Jonasson, esposa do procurador-geral do INSS, Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, afastado do cargo;
Alexandre Guimarães, ex-diretor de Governança do INSS durante o governo Bolsonaro;
Eric Douglas Fidelis, filho de André Fidelis, que comandou a Diretoria de Benefícios do INSS.
A PF afirma que os ex-diretores recebiam repasses por meio de intermediários e familiares. Eric Fidelis teria sido usado para canalizar R$ 5,1 milhões, enquanto Guimarães recebeu mais de R$ 300 mil por meio de uma empresa de sua propriedade. Já Virgílio Oliveira teria sido beneficiado com mais de R$ 11 milhões transferidos para empresas ligadas a ele e à sua esposa.
Dados privilegiados e descontos automáticos
Segundo os investigadores, Antunes obtinha informações cadastrais de aposentados e pensionistas por meio de servidores do INSS. Com esses dados, conseguia registrar descontos indevidos de forma automática na folha de pagamento, sem que os beneficiários autorizassem.
As investigações continuam e podem revelar novos envolvidos e ramificações do esquema, que, segundo a CGU, causou prejuízos bilionários aos cofres públicos e à população mais vulnerável.