Em depoimentos, pacientes dizem que dentista preso por suspeita de violação sexual no RS esfregava genitália nelas

Relatos de ao menos seis pessoas detalham supostos abusos por parte de dentista. Casos teriam ocorrido em Viamão e Porto Alegre.

Duas pacientes de um dentista investigado por violação sexual mediante fraude em Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre, disseram à polícia que o homem teria esfregado o pênis no corpo delas durante consultas. Jeferson Scaranto foi preso preventivamente ao desembarcar no Aeroporto Internacional Salgado Filho, na Capital, no sábado (8).

O g1 obteve acesso a detalhes dos depoimentos de seis pessoas que dizem ter sido vítimas de abuso por parte do dentista.

“Quero afirmar que meu cliente é inocente, apenas precisamos de tempo para provar. Ele não estava foragido. Ele apenas havia acompanhado o funeral do seu sogro em São Paulo”, disse ao g1 a advogada Márcia Silva, que faz a defesa do suspeito.

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Um dos casos foi o que motivou a prisão do suspeito em flagrante, no dia 20 de março de 2023. Uma paciente gravou, com o celular, a abordagem do dentista. Segundo a polícia, o dentista puxou o braço da mulher em direção ao seu pênis. Ela afirma que Jeferson encostou suas genitais na cabeça dela.

A mulher contou à polícia que já havia se sentido importunada em outra consulta, realizada em outubro de 2022. Segundo ela, o suspeito estava excitado e passou a mão nas coxas dela e levantou sua saia.

Contudo, na época ela acreditou que não teria como provar os abusos do dentista. E que não queria retomar o atendimento com ele. No entanto, disse que o dentista cobrava valores acessíveis e que, como seu dente estava doendo muito, ela voltou ao consultório para fazer uma extração.

Um segundo relato também detalha como o dentista agiria contra as pacientes. A mulher começou a fazer um tratamento dentário em agosto de 2022. Logo no primeiro atendimento, o suspeito teria tocado no rosto dela.

Sem ter a certeza de ter sido vítima de assédio, a paciente retornou ao consultório outra vez, mas acompanhada de um amigo. O dentista tentou impedir, mas a mulher insistiu. Nessa ocasião, o homem não teria cometido nenhum abuso.

Na terceira consulta, sozinha, a mulher disse que Jeferson esfregou o pênis no ombro dela. O suspeito estaria posicionado de forma que a cabeça da paciente ficasse próxima a sua virilha.

O dentista teria solicitado que a paciente se aproximasse. A mulher diz ter negado o pedido e que, nesse momento, percebeu que o homem estava com o jaleco aberto e com o pênis ereto.

A mulher disse ter estranhado a demora do atendimento e que, ao terminar o procedimento, se levantou e notou que a calça do suspeito estava molhada na região da virilha.

Outros casos
Um dos casos informados à polícia data de 1995. O pai de uma paciente, que tinha 17 anos na época, contou que a adolescente foi ao consultório para um tratamento de rotina. O dentista teria levantado a saia dela e passado as mãos nas pernas da jovem.

Outro depoimento detalha episódios semelhantes em Porto Alegre, no ano de 2001. Os abusos teriam começado no quarto atendimento feito pela mulher. O dentista teria deitado totalmente a cadeira, roçando seu braço no rosto e nos seios da paciente. Quando Jeferson teria tentado beijá-la na boca, ela saiu correndo do consultório. Ela disse que ficou sabendo dos demais casos recentemente, por meio da imprensa.

Em outro episódio de 2001, a paciente disse que foi ao consultório do dentista para fazer um orçamento de um tratamento. A pessoa afirma que, enquanto olhava os dentes, o homem passava a mão pelo rosto dela e, o cotovelo pelos seios.

O sexto depoimento aponta que, em abril de 2022, procurou o dentista para realizar uma limpeza e uma pequena restauração dentária. A mulher disse à polícia que o atendimento “pareceu uma eternidade”, porque o homem teria apoiado seu corpo sobre a paciente, mantendo contato físico.

Enquanto Jeferson afastava os lábios da mulher com um dos dedos, o dentista tocava no rosto dela de forma inapropriada com os outros dedos, disse no depoimento. O suspeito teria dito “é a gengiva mais bonita que eu já vi”.

Investigação
A delegada Mariana Dillenburg afirma que, conforme os relatos, o homem usa de sua posição como dentista para abusar sexualmente das vítimas, o que configuraria a violação mediante fraude.

“A vítima está sendo atendida e ele se aproveita disso para cometer os abusos. […] Ele aproveitava as consultas odontológicas para passar a mão no corpo delas [pacientes], para se esfregar nelas”, diz.
Segundo a Polícia Civil, o dentista já respondeu a outras acusações de abuso sexual nas mesmas circunstâncias.

By Fato ou Fake Canoas

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