VEJA realizou nesta sexta-feira, 6, um debate com seis candidatos a prefeito de São Paulo. Arthur do Val (Patriota), Bruno Covas (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Jilmar Tatto (PT), Joice Hasselmann (PSL) e Márcio França (PSB) participaram do programa, que fez parte do projeto VEJA e Vote.
O debate foi exibido ao vivo e está disponível no YouTube e nas redes sociais de VEJA.
PRIMEIRO BLOCO
(perguntas entre os candidatos)
Joice Hasselmann (PSL) pergunta para Bruno Covas (PSDB) .
A candidata diz que PT e PSDB aumentaram absurdamente o IPTU e pergunta o que o candidato pretende fazer sobre o tema. Covas responde que metade dos contribuintes são isentos ou pagam uma alíquota menor. Diz que uma eventual redução de IPTU retiraria dos pobres para dar aos ricos. Segundo ele, é do IPTU que sai dinheiro para a saúde, educação e moradia. Afirma ainda que paga mais imposto quem tem moradias melhores, em bairros mais bem localizados. Joice diz que dá para reduzir o IPTU, combatendo as “máfias”, como a do transpote coletivo, que presta um serviço ruim. Covas diz que a deputada federal tem apenas um ano e meio de mandato e não conhece bem a vida pública.
Bruno Covas pergunta para Jilmar Tatto (PT)
O candidato pergunta o que Tatto acha da política do governo federal a respeito da Amazônia. Tatto critica Bolsonaro por tudo o que não tem feito na questão ambiental, mas ressalta que a prefeitura poderia dar o exemplo, fazendo uma cidade mais permeável, plantando árvores da mata atlântica. Também defende mudanças na política de resíduos sólidos, principalmente na ampliação da coleta seletiva e na retirada dos atravessadores desse tipo de serviço. Covas rebate dizendo que Tatto quer fazer a velha política do PSDB x PT e afirma que vai ampliar a certificação dos produtos amazônicos, que hoje inclui apenas a madeira e que vai colocar produtos amazônicos na merenda escolar. Tatto afirma que, enquanto prefeito, Covas não fez nada disso e diz que ele, quando era secretário de Abastecimento na gestão Marta Suplicy, colocou produtos orgânicos de verdade na merenda escolar. Diz, ainda, que o governo FHC também aumentou o desmatamento.
Tatto pergunta para Guilherme Boulos (PSOL)
O petista afirma que a política do PSDB (do governador João Doria e do prefeito Bruno Covas), de Celso Russomano (Republicanos) e do presidente Jair Bolsonaro é uma política de desmonte do estado e do aumento do desemprego e pergunta qual é a proposta de Boulos para a questão do emprego. Boulos diz que a cidade não quer repetir a tragédia do “Bolsodoria” e que a prefeitura é muito grande para ser um “puxadinho” do Planalto, como quer Russomanno, ou um “puxadinho” do Bandeirantes, como quer Covas. Diz que a sua primeira medida vai ser criar o Renda Solidária, programa que pagará de 200 a 400 reais por mês e irá atender até um milhão de famílias. Tatto afirma que vai promover a economia solidária e mudar o padrão de compras da prefeitura, priorizando a contratatação de cooperativas nas subprefeituras. Boulos completa dizendo que também vai criar frentes de trabalho, para combater o desemprego e melhorar a zeladoria da cidade.
Boulos pergunta para Márcio França (PSB)
Boulos afirma que França despejou “centenas de famílias”, não por ordem judicial, mas por iniciativa do próprio estado quando era governador. França rebate e diz que certamente não foi ele quem despejou, que foi a Justiça quem mandou e que o governo teve de cumprir. Diz que uma diferença clara entre o seu posicionamento e o de Boulos é respeitar a Justiça. Afirma que que sua gestão no governo foi a que mais entregou casas. Diz ainda que vai entregar lotes urbanizados e um cartão para as pessoas comprarem o material de construção. Boulos questiona e afirma que os despejos foram iniciativas do próprio estado. França insiste que não foi o estado quem tomou a iniciativa.
França pergunta para Arthur do Val
França diz que os comerciantes estão passando por dificuldades por causa da pandemia, afirma que vai criar uma linha de financiamento para o setor e questiona se Arthur do Val tem alguma proposta para isso. Arthur afirma discordar da política de subsídios, porque alguém vai ter que pagar por isso. França explica que a ideia é ajudar os comerciantes porque a prefeitura obrigou todo mundo a fechar as portas. Arthur diz que em São Paulo ninguém quer ajuda ou migalhas de ninguém e que o paulistano só precisa de liberdade para empreender.
Arthur do Val pergunta para Joice Hasselmann
Arthur questiona se Joice, como fez Covas em março de 2019, vai deixar São Paulo em viagem de férias durante a época das enchentes na cidade. Joice diz que nunca deixou de trabalhar, mesmo quando liderava um governo esquizofrênico, se referindo ao governo Jair Bolsonaro, de quem foi líder no Congresso. Afirma que onze pessoas morreram enquanto Covas viajava pela Europa. Diz que São Paulo está um caos na gestão do tucano. Arthur critica gasto da prefeitura com obras no Vale do Anhangabaú e faz outras críticas a Covas. Joice diz que concorda com Arthur nas críticas que fez ao prefeito.
SEGUNDO BLOCO
(perguntas dos estudantes da ESPM)
Pergunta para Jilmar Tatto, com comentário de Arthur do Val: Como o senhor pretende tratar os aplicativos de transporte na cidade?
Tatto diz que vai ampliar os serviços. Lembra que foi na sua gestão como secretário que foram feitos os aplicativos que informam itinerários e horários de ônibus, além de aplicativos dos estacionamentos rotativos e dos táxis. Diz também ter promovido a regulamentação dos aplicativos privados e promete que, se eleito, vai criar um aplicativo da prefeitura para entregadores para livrá-los do que considera exploração da iniciativa privada.
Arthur do Val afirma que o eleitor não deve “cair no papo” de que um burocrata, como um secretário, vai ensinar as pessoas a trabalharem. Diz que a intervenção do estado nesse tipo de serviço vai ser malsucedida e que o paulistano é quem vai pagar por isso.
Tatto rebate e diz que a intervenção da prefeitura e a criação de aplicativos públicos é necessária e ajuda a população e os trabalhadores. Afirma que Arthur nasceu em “berço de ouro” e não usa um serviço público.
Pergunta para Arthur do Val, com comentário de Boulos: Qual será a sua política para imóveis abandonados e ociosos na cidade?
Critica o excesso de imóveis tombados na cidade e afirma que o excesso de leis dificulta as políticas de conservação. Afirma que vai flexibilizar essas leis de tombamento e cita o exemplo de Barcelona, que conseguiu revitalizar a cidade sem intervenção do poder público.
Boulos diz que o problema é que a lei no Brasil não é cumprida quando é para favorecer os mais pobres e cita o Estatuto da Cidade, que define que imóveis devem ter função social. Afirma que vai implantar a lei e destinar imóveis nessa situação para uso social.
Arthur cita a situação na praça da Sé e no Vale do Anhangabaú e diz que se a cidade está abandonada desse jeito, é por culpa do excesso de intervenção de órgãos públicos. Defende papel maior para a inicativa privada.
Pergunta para Boulos, com comentário de Tatto: O senhor pretende manter a política de conceder a gestão de unidades de saúde para as chamadas Organizações Sociais?
Boulos diz que a saúde pública é um direito e não um negócio. Afirma que vai contratar médicos para a periferia, terminar UBSs e reabrir hospitais que estão fechados. Diz que não vai quebrar contratos com as Organizações Sociais, mas diz que vai colocar uma lupa nos contratos e fazer a transição gradual para o poder público.
Tatto afirma que em sua gestão vai colocar parte da rede pública para funcionar 24 horas, principalmente por causa do represamento durante a pandemia.
Boulos também defende a prevenção, investindo em saneamento básico e moradia popular para ter mais qualidade de vida, que são formas de evitar doenças. Diz, ainda, que vai investir na contratação de agentes públicos de saúde.
Pergunta para Covas, com comentário de França: São Paulo tem quase 25 mil pessoas morando na rua, segundo o censo feito em 2019, e esse número deve ter um salto em razão da pandemia. O que fazer para enfrentar o problema?
Covas diz que defender a população em situação de vulnerabilidade foi uma prioridade em sua gestão, mas ressalta que ainda há muito o que fazer. Diz que a pandemia escancarou a desigualdade social. Lista os serviços que ampliou no seu governo, como acolhimento e distribuição de cestas básicas.
França afirma que não aceita essa quantidade de pessoas, principalmente crianças, em situação de rua. Promete que, em 90 dias, todas as pessoas que foram deslocadas para hotéis e pousadas serão financiadas pela prefeitura.
Covas diz que não se faz política social com utopia, afirma que pegou uma gestão com um rombo orçamentário e que arrumou as finanças para poder investir em outras áreas. Lista os novos hospitais e as novas unidades escolares e de atendimento social que inaugurou.
Pergunta para Joice, com comentário de Covas: Quais serão as políticas para as escolas no período pós-pandemia? Haverá aulas de reforço ou avaliações para detectar algum atraso didático?
Joice diz que haverá avaliações para apurar o que as crianças conseguiram absorver durante este ano, que haverá reforços, mas que quem vai definir se as crianças vão ir para a escola serão os pais, que terão liberdade para decidir. Fala em propiciar mais conexão para a internet. Promete implantar educação em escola integral.
Covas afirma que a incompetência do PT ficou evidente na área de educação e cita queda em indicadores que medem a qualidade do ensino. Afirma que sua gestão investiu no setor, com a contratação de professores e compra de tablets, entre outros investimentos. Promete um contraturno em 2021 com material digital.
Joice ironiza o fato de a compra dos tablets ter ficado para o ano eleitoral. Diz que a incompetência não foi só do PT, mas também do PSDB. Afirma que falta gestão séria em São Paulo e que o dinheiro está indo para o ralo.
Pergunta para França, com comentário de Joice: Com a provável queda de receita, como lidar com o esperado aumento da procura por serviços públicos, como saúde e educação, por parte daqueles que perderam poder financeiro na pandemia?
França diz que terá que priorizar o que é mais importante, que nesse momento é a geração de emprego e de renda. Cita o fim do auxílio emergencial federal no final do ano e defende iniciativas da prefeitura, como a criação de frentes de trabalho, para ajudar a população. Defende soluções criativas, como a regularização de imóveis, que permitirá um aumento da arrecadação.
Joice promete “fazer mais com o mesmo Orçamento”. Diz que, além de diminuir taxas, vai atacar as diversas máfias que atuam no serviço público hoje e cita as áreas da saúde e do transporte coletivo. Afirma que terá austeridade e gestão eficiente.
França diz que um exemplo de falta de prioridade é investir no Anhangabaú, como fez Covas, ou na reforma de calçadas. Afirma que, se a prefeitura gastar menos, pode investir no que é necessário.
TERCEIRO BLOCO
(perguntas entre os candidatos)
Tatto pergunta para Covas sobre os cortes no programa de distribuição de leite.
Covas diz que mudou o sistema de distribuição de leite para priorizar crianças de zero a cinco anos. Afirma que o PT deixou filas de milhares de crianças esperando vagas em creches e no ensino infantil, penalizando duplamente essa população. “É melhor do que distribuir leite para crianças de 14 anos, só porque elas vão votar daqui a dois anos”, afirma.
Tatto diz que a cidade que Covas cita não existe. Afirma que implantou comida de verdade nas escolas quando era secretário de Abastecimento na gestão Marta. Diz que irá aumentar o programa de distribuição de leite.
Covas lembra que o que Tatto fez quando era secretário foi por ordem de Marta, que agora apoia a candidatura dele e não a de Tatto.
Covas pergunta para Boulos sobre como manter o nível de investimento da prefeitura que houve na sua gestão.
Boulos diz que não pretende manter o nível de investimento da gestão tucana, mas afirma que irá aumentar. E promete também inverter a prioridade do Orçamento, que irá para a periferia.
Covas diz que irá manter o que está dando certo. Afirma que o volume de investimentos é o maior em oito anos e que ele tem investido na periferia.
Boulos afirma que o tucano vive numa “realidade paralela”.
Boulos pergunta para Márcio França sobre a posição dele em relação a privatizações.
França afirma que, dependendo da empresa, é a favor e defendeu a venda da Cesp quando ele era governador de São Paulo, citada por Boulos. Diz, no entanto, que não dá para fazer privatização num momento desses. Afirma que é preciso ter credibilidade e diz que Boulos inflou seu currículo.
Boulos acusa França de espalhar fake news e diz que nunca mentiu no currículo. Diz que a experiência de França é ser sócio da “máfia” tucana que governou São Paulo, citando irregularidades em transporte e na merenda.
França diz que não responde a um processo na vida e que Boulos tem vários processos.
França pergunta para Joice sobre a ausência de Celso Russomanno.
Joice diz que Russomanno não foi ao debate porque ele não teria como explicar várias coisas, como sobre o fato de seu nome ter aparecido na lista da Odebrecht, sobre o fato de ele ter apoiado Dilma Rousseff e sobre irregularidades envolvendo familiares. Critica também a atuação dele como deputado.
França pede a Russomanno para que vá a debates porque a população quer saber o que ele pensa e que os adversários querem debater com ele.
Joice pergunta para Arthur do Val sobre o que fazer com as filas na saúde e ´por creches.
Arthur critica Covas por lotear politicamente cargos em áreas estratégicas na saúde. Afirma que vai manter as organizações sociais, mas vai auditar, revisar e padronizar contratos com essas entidades. Também afirma que irá modernizar a área da saúde, com a instalação, por exemplo, do prontuário eletrõnico.
Joice diz que, se uma criança ficar mais de sessenta dias na fila por uma creche ou uma pessoa ficar mais de dez dias na fila da saúde, a prefeitura vai ter que pagar atendimento em uma instituição privada.
Arthur do Val pergunta a Tatto sobre aumento de impostos e TV estatal para a cidade, propostas incluídas no programa de governo do petista.
Tatto cita a revisão do Plano Diretor e diz que vai promover uma reformulação da planta genérica de valores e do sistema tributário para cobrar mais de quem tem mais condições de pagar. Afirma que a prefeitura tem que ter a sua própria política de comunicação e dar visibilidade ás ações da prefeitura, como campanhas de vacinação.,
Arthur critica qualquer iniciativa que implica aumento de impostos para financiar ações questionáveis da prefeitura, como criar uma TV pública.