Alexandra Dougokenski foi condenada a 30 anos e dois meses de prisão pela morte do próprio filho, em maio de 2020. Polícia concluiu, esta semana, que mulher foi responsável também pela morte de José Dougokenski, em 2007.
Uma nova investigação conduzida pela Polícia Civil concluiu que Alexandra Dougokenski matou o ex-marido, José Dougokenski, em 2007, em Farroupilha, na Serra do RS. O caso havia sido tratado inicialmente como suicídio, versão que não era aceita pela família da vítima. Apesar da conclusão da polícia, Alexandra não será responsabilizada legalmente, porque o crime prescreveu.
A defesa de Alexandra afirma que ela não matou José. Segundo o advogado Jean Severo, a perícia que apontou para a hipótese de suicídio é clara e houve contaminação de várias pessoas devido ao caso do menino Rafael.
Em janeiro deste ano, Alexandra foi condenada a 30 anos e dois meses de prisão pela morte do próprio filho, em maio de 2020. O crime contra a criança fez com que a investigação sobre a morte de José fosse reaberta e deu novas pistas para a polícia.
De acordo com o delegado Ederson Bilhan, o inquérito chegou ao novo entendimento após cruzamento de evidências analisadas pela perícia com os depoimentos coletados, além das semelhanças encontradas na forma como José e Rafael Winques, filho mais novo de Alexandra, foram mortos.
Outra prova foi o depoimento do segundo marido de Alexandra. A Polícia Civil não divulgou, mas a RBS TV descobriu que Rodrigo Winques, pai de Rafael, disse que ouviu dela a confissão do crime. Em uma conversa, ele perguntou a Alexandra se ela tinha matado o ex-marido. A mulher teria dito que sim e ameaçado Rodrigo.
Entre as semelhanças entre as duas mortes estão o material usado, os horários das mortes e o nó dado nas cordas com que os corpos estavam amarrados. Entenda melhor abaixo.
Semelhanças nas mortes
“Os indicativos apontam que sim [Alexandra matou José], que há uma evidência bem concreta. Lá em Planalto, uma corda de nailon na cor verde atada no pescoço. Aqui em Farroupilha, uma corda de nailon de cor azul atada no pescoço. Nós similares, posições similares, horário similar e a mesma pessoa suspeita. São evidências que quando analisadas conjuntamente reforçam a ideia de que não houve suicídio, e sim um homicídio”, afirma o delegado.
José foi encontrado morto dentro do quarto, em fevereiro de 2007, na Zona Rural de Farroupilha. Alexandra contou à polícia que escutou barulhos e encontrou o corpo dele já sem vida, preso em uma corda que foi amarrada em uma viga no teto.
O corpo de Rafael foi encontrado dentro de uma caixa de papelão no pátio de um vizinho da casa onde ele morava com a mãe em Planalto. A perícia concluiu que a causa da morte foi asfixia mecânica por estrangulamento. Em uma das versões apresentadas por ela à polícia, Alexandra disse que deu medicamentos para o menino e que, sem saber o que fazer, já que ele estava desacordado, amarrou cordas ao redor do corpo dele e o arrastou até a casa vizinha.
Segundo a polícia, os nós feitos nos dois crimes eram parecidos.
“Depois de uma perícia novamente solicitada, a posição que o corpo [de José] foi localizado é incompatível com o local onde ele supostamente teria se enforcado. A posição do sulco da corda no pescoço, conforme uma perícia complementar posterior, era de se esperar um formato diferente, ou seja, um formato mais acentuado do que foi constatado. Isso porque a própria Alexandra deu um depoimento bem contundente dizendo que o corpo estava inteiramente suspenso do chão, ou seja, segundo a própria perícia, o sulco da corda deveria, esperava-se um pouco mais acentuado, informação esta que não tinha na época em 2007”, diz o delegado.
“Há uma dedução lógica que o José foi morto num local não condizente com o suposto suicídio e num contexto principalmente em relação à corda de que não indica enforcamento e sim estrangulamento”.
José é o primeiro marido de Alexandra Dougokenski, e morreu na casa do casal, em Farroupilha, em 2007