O Fantástico teve acesso ao prontuário de Shirin Saraeian. O documento indica que, no momento da alta, após um procedimento de abdominoplastia e lipoescultura, ela apresentava alterações importantes dos sinais vitais.
Shirin Saraeian, uma iraniana naturalizada brasileira, ficou cega depois de uma cirurgia de abdominoplastia e lipoescultura. Ela perdeu a visão total do olho esquerdo e parcial do direito devido a uma “neuropatia óptica isquêmica”, uma lesão dos nervos ópticos causada pela obstrução do suprimento de sangue. O quadro é irreversível.
Esta semana, os advogados de Shirin apresentaram ao Ministério Público de São Paulo um pedido de instauração de inquérito policial. Eles pedem uma investigação de “lesão corporal gravíssima praticada pelo médico Renato Tatagiba”.
Áudios mostram que, no pós-operatório, ao começar a perder a visão, ela entrou em contato com o médico várias vezes, mas ele demorou a respondê-la ou nem fez isso.
“Absolutamente lamentável que um médico em um pós-cirúrgico não dê a atenção devida a uma paciente que relata estar ficando cega do modo que ela relatou. Com o desespero que ela relatou. É absolutamente lamentável. Essa conduta pode configurar, sim, a omissão de socorro”, afirma o advogado de Shirin.
Em entrevista por telefone, Renato Tatagiba Garcia afirma que seguiu todas as recomendações no momento de dar alta à paciente: “Eu vou provar que eu agi exatamente dentro dos parâmetros normais, do que se preza a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e o Conselho Federal de Medicina. Tanto que os parâmetros estavam normais durante a alta”.
O Fantástico teve acesso ao prontuário de Shirin. O documento indica que, no momento da alta, ela apresentava alterações importantes dos sinais vitais.
Além de dois laudos apresentados pelos advogados dela, o Fantástico ouviu a opinião de um médico independente. Todos concordam que as alterações anotadas no prontuário eram suficientes para acender um alerta e que novos exames deveriam ter sido pedidos pelo médico.
O Fantástico também apurou que o médico responde na Justiça a 47 processos por erro médico em cinco estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia.