Minha viagem à Albânia foi toda coreografada pelas cenas de “Abril despedaçado”
De Paris, França
Conversando nesta quarta-feira com quatro livreiros de primeira – Compagnie, L´écume des pages, Librairie Pollonaise, Gibert Jeune –, e uma gerente mais evasiva na L’harmattan, da Rue des Écoles, deles todos ouvi o nome do albanês Ismail Kadaré como sendo o grande favorito a levar o prêmio Nobel de Literatura, que será anunciado nesta quinta-feira às oito horas do Brasil, 13 horas daqui.
A segunda mais votada foi Joyce Carol Oates e houve uma ou outra menção a David Grossman, o que seria uma forma indireta de homenagear Amos Oz e Aharon Appelfeld, expoentes da vibrante literatura israelense, ambos recém falecidos. Todos acharam que o japonês Murakami perdeu o bonde e ninguém citou um autor francês, talvez por pudor.
“O mais provável é que não seja nenhum desses que a gente acha que vai ser”, disse Thibault, da “L´écume”, o mais craque deles. Reiterei minha torcida por Cristóvão Tezza, o azarão brasileiro. No fundo do coração, meu favorito seria Milton Hatoum, mas os dois últimos livros (da trilogia) quebraram o encanto do autor de “Dois irmãos” – um colosso de obra. Oxalá recupere.
Há quem diga no Brasil que Nélida Piñon é quem tem maiores chances e, em se tratando da língua portuguesa, falam também do português Lobo Antunes, um autor que acho que nunca conseguirei ler. Mas aí o problema está em mim, e não nele. Se der Kadaré, fico feliz. Minha viagem à Albânia foi toda coreografada pelas cenas de “Abril despedaçado”.
Amanhã é o dia.