Anfavea revela preocupação com alta dos custos e falta de insumos
Como já havia ocorrido no mês passado, o setor automotivo mantém sua recuperação em outubro, de acordo com levantamento da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A produção no mês foi de 236.468 veículos, crescimento de 7,4% sobre setembro, mas queda de 18% em relação a outubro de 2019. No acumulado dos dez meses, o recuo é de 38,5%, bem próximo à projeção de -35%. Já o mercado interno fechou o mês com 215.044 unidades licenciadas, elevação de 3,5% sobre o mês anterior, com retração de 15,1% sobre outubro do ano passado. A queda acumulada no ano já chega a 30,4%, em linha com a retração de 31% prevista pela Anfavea.
As exportações tiveram uma sensível reação em outubro, graças à retomada de mercados vizinhos após uma prolongada quarentena. Foram enviados ao todo 34.882 unidades para o exterior, alta de 14,3% sobre setembro e de 16,4% sobre outubro de 2019. O encolhimento acumulado em 2020 é de 34,2%. “Temos muitos desafios para atingir uma recuperação mais vigorosa, como os novos protocolos das fábricas, a dificuldade de planejar o médio prazo, a alta dos custos e, recentemente, a falta de alguns insumos”, afirmou Luiz Carlos Moraes, presidente da entidade. Moraes está preocupado com reajustes como o do aço, por exemplo, que já chega a 40% neste ano.
Para dar conta da demanda, as fábricas estão fazendo jornadas adicionais aos sábados e horas extras diariamente. Recentemente, a Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis (Abla) reclamou afirmando que o principal gargalo de suas associadas é a falta de veículos para entregas por parte das fabricantes, o que está comprometendo a operação desde a forte retomada do segmento, em agosto. Do total de pedidos em atraso, a Abla estima que as montadoras deverão entregar entre 80 mil e 90 mil unidades até dezembro, o que prejudicaria a operação no fim do ano, sazonalmente mais aquecido por causa das férias. Ao ser questionado pelo Portal AMANHÃ sobre a crítica, Moraes foi taxativo. “Faz parte do negócio. No segundo trimestre tinha produto e não tinha locadora comprando. Não tem como entregar 150 mil automóveis em um mês. As locadoras serão atendidas, mas não na velocidade que desejam”, respondeu.
Com relação ao comportamento do consumidor no final do ano, o presidente da Anfavea entende que alguns fatores podem frear o ímpeto dos brasileiros, como a redução do abono emergencial, o avanço do desemprego e a taxa de juros que ainda se encontra em patamar alto. Porém, há oportunidades, na visão do dirigente. “Percebemos que algumas pessoas conseguiram acumular renda nesse período, pois não viajaram ou consumiram produtos mais baratos. E como o juro para aplicação segue caindo, a opção pode ser transformar essa poupança em um bem. Como se vê, há chances e riscos. Tomara que as chances sejam maiores que os riscos”, afirmou.
Máquinas agrícolas
O setor de máquinas agrícolas e rodoviárias, menos afetado que o de veículos, registrou alta de 9% na produção (4.919 unidades) na comparação com setembro. Boa parte desse incremento se deveu às exportações de 901 unidades, 21,1% a mais que no mês no anterior. Já as vendas internas (4.530) recuaram 5% em outubro. No acumulado do ano, as vendas cresceram 1,6%, mas a produção e as exportações caíram 18,1% e 32,1%, respectivamente.